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Celíaca: Só Glúten?


A doença celíaca, além de afetar o intestino, exige diagnóstico preciso e exclusão total de glúten no tratamento.


A doença celíaca é uma condição autoimune crônica desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína presente em cereais como trigo, centeio e cevada. Embora os sintomas gastrointestinais — como diarreia, inchaço abdominal e dor estomacal — sejam os mais conhecidos, a enfermidade pode se manifestar de forma sistêmica, com sinais que vão muito além do aparelho digestivo. Cansaço crônico, anemia ferropriva, perda óssea, alterações neurológicas e até problemas dermatológicos podem indicar a presença da doença, dificultando o diagnóstico precoce.


Essa complexidade faz com que muitos casos passem despercebidos por anos. A falta de sintomas clássicos ou a presença de quadros atípicos levam a um atraso significativo entre o início dos sintomas e a confirmação clínica. Estima-se que boa parte dos portadores ainda não tenha sido aquecida, o que aumenta o risco de complicações a longo prazo, como maior absorção de nutrientes, infertilidade e maior suscetibilidade a certos tipos de câncer gastrointestinal.


O diagnóstico definitivo envolve uma combinação de exames laboratoriais e avaliação clínica. Os testes sorológicos são essenciais na detecção inicial, medindo a presença de anticorpos específicos no sangue, como os anti-transglutaminase tecidual (anti-tTG) e antiendomísio (EMA). Esses marcadores ajudam a identificar a resposta imunológica anormal ao glúten. É fundamental que o paciente esteja consumindo glúten no momento da coleta para que os resultados sejam confiáveis. Caso os exames sejam positivos, a confirmação geralmente é feita por meio de biópsia do intestino delgado, realizada durante uma endoscopia digestiva alta.


No Brasil, os testes laboratoriais para detecção da doença celíaca estão amplamente disponíveis em redes públicas e privadas de saúde. Além disso, são obrigatoriamente cobertos pelos planos de saúde, conforme determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), garantindo acesso ao diagnóstico para grande parte da população.


Atualmente, não existe cura nem medicamento capaz de substituir a principal forma de controle da doença: a eliminação completa do glúten da dieta. O tratamento consiste em uma mudança permanente nos hábitos alimentares, exigindo atenção constante à leitura de rótulos e à prevenção da contaminação cruzada em ambientes domésticos e sociais. Quando bem adotada, essa dieta rigorosa permite a recuperação da mucosa intestinal, interrupção dos sintomas e melhora substancial na qualidade de vida.


Apesar dos desafios, o aumento da conscientização sobre a doença celíaca tem impulsionado a oferta de produtos sem glúten e o treinamento de profissionais de saúde. No entanto, ainda é necessário fortalecer campanhas de educação e vigilância para reduzir o subdiagnóstico e melhorar o suporte aos pacientes em todo o país.



Por jornalista Márcio Batista
Foto: (Intuitivmedia/Pixabay) Reprodução / Divulgação


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