Por que para a maioria dos evangélicos não é uma posição política? A resposta é teológica e transcende questões políticas.
O apoio de parte significativa dos evangélicos ao Estado de Israel transcende questões geopolíticas e se fundamenta em uma leitura teológica específica das Escrituras Sagradas. Para os cristãos, amar Israel não é um ato de alinhamento ideológico, mas uma expressão de obediência à Palavra de Deus, conforme está relatado nos textos bíblicos.
A base desse posicionamento está enraizada em promessas de Deus feitas no Antigo Testamento, especialmente aquelas dirigidas a Abraão, cuja descendência — segundo a tradição judaica e cristã — deu origem ao povo de Israel.
Uma das partes centrais dessa verdade é Gênesis 12:3, onde Deus declara a Abraão: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. Essa passagem é interpretada como uma aliança eterna, com implicações psicológicas diretas para quem se posiciona a favor ou contra o povo judeu.
Assim, apoiar Israel é visto não como opção pessoal, mas como uma disposição divina que envolve vitórias para quem cumpre e consequências para quem desobedece. Esse entendimento é reforçado por outros versículos, como Salmos 122:6, que exorta: “Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam”. Vale salientar que o verbo está na ordem imperativa, significa uma determinação e não um pedido com uma condição.
Além disso, Israel ocupa um lugar singular no plano redentor de Deus. A nação é descrita como “a menina dos olhos” do Senhor (Zacarias 2:8), simbolizando proteção especial e valor inestimável diante de Deus. Essa linguagem figurada nos mostra de que qualquer ação contra Israel é vista como uma ofensa direta à vontade divina.
Outro ponto central é a origem de Jesus Cristo. O Salvador nasceu da linhagem judaica (Mateus 1.1-17), “da tribo de Judá” (Hebreus 7:14), e veio “dos judeus”, como afirma João 4:22. Portanto, honrar Israel é também considerar as raízes da fé cristã.
Sem o povo de Israel, não teria encarnação, nem cruz, nem salvação — perspectiva que fortalece o sentimento de gratidão e responsabilidade espiritual.
A Bíblia é considerada autoridade inquestionável nesse contexto. Romanos 3:4 afirma que “Deus é verdadeiro, e todo homem mentiroso”, o que elimina espaço para interpretações adequadas ao apoio a Israel.
Da mesma forma, Gálatas 6:7 adverte: “Não se deixe enganar: de fato, Deus não se deixa escarnecer, pois tudo o que o homem semear, isso também colherá”. Essa doutrina da semeadura e da colheita é aplicada tanto individual quanto coletivamente, influenciando posturas sobre conflitos no Oriente Médio.
O apoio evangélico a Israel não surge de interesses políticos, mas de uma cosmovisão bíblica que vê a nação judaica como parte essencial do plano eterno de Deus. É uma questão de fé, obediência e esperança na fidelidade divina às suas promessas.