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Biogás em Santa Catarina?


Santa Catarina lança programa ambicioso para transformar projetos suínos em biogás e contribuir para a descarbonização com modelo sustentável e integrado.


Santa Catarina, maior produtora e exportadora de carne suína do Brasil, com cerca de 8 milhões de animais — 28% dos rebanhos nacionais —, está diante de uma revolução energética e ambiental. 

O estado dá início a um movimento estratégico para converter os projetos de suinocultura, antes de vista como um desafio ambiental, em fonte de energia limpa e rentável. O programa Biogás SC , articulado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), surge como o primeiro projeto do Hub de Descarbonização FIESC, com o objetivo de utilizar 100% dos projetos suínos do estado na produção de biogás nos próximos dez anos.


A busca pela iniciativa superar limitações históricas: embora os biodigestores já tenham sido testados desde os anos 1980, muitos projetos falharam por falta de planejamento, capacitação técnica e modelos econômicos viáveis, gerando desconfiança no setor. Desta vez, o foco é diferente. 

O programa mobiliza mais de 20 instituições, entre universidades (como a UFSC), empresas (como Celesc, SCGás e Tupy), entidades de pesquisa (Embrapa Suínos e Aves, CIBiogás), agências de fomento (BRDE, Fapesc), governo estadual e associações do setor (Sindicarne, Acate). 

O objetivo é criar um ecossistema integrado que torne a produção de biogás técnica viável, economicamente atrativa e ambientalmente eficaz.


O potencial é expressivo: estima-se que a geração de biometano a partir de dois projetos suínos possa chegar a quase o dobro do consumo atual de gás natural no estado. 

Esse biometano pode ser usado como combustível veicular, insumo industrial ou fonte de geração de eletricidade. Hoje, apenas 1% das cerca de 8 mil propriedades sujeitas à licença ambiental possuem biodigestores. 

O programa atua em várias frentes: melhoria do ambiente regulatório, acesso a linhas de crédito, garantia de escoamento da produção e desenvolvimento tecnológico via SENAI.


Um exemplo prático vem da Tupy, por meio de sua participação MWM, que desenvolve motores e soluções energéticas. 

Em parceria com uma cooperativa no Paraná, a empresa implementa um modelo circular: coleta de projetos, produção de biogás, geração de energia elétrica e conversão para biometano, utilizado em caminhões da frota. Os produtores são beneficiados com redução de custos operacionais e logística de baixo carbono.


No centro do Biogás SC é uma Plataforma de Gestão de Dejetos Suínos, em desenvolvimento pelo Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental. Ela permitirá dimensionar projetos personalizados, identificar oportunidades de clusterização — onde pequenos produtores se unem para viabilizar usinas coletivas —, conectar financiadores e garantir assistência técnica contínua. 

Com um comitê gestor formado pelos parceiros do programa, a plataforma será a base para transformar uma diferença em negócios sustentáveis, alinhando economia, inovação e descarbonização.



Por jornalista Márcio Batista
Foto: (jardim-gg/pixabay) Reprodução / Divulgação


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