A Mais de Cristo é uma igreja pentecostal pós-clássica, constituída por uma liderança jovem, urbana e tecnológica que não pauta sua organização e estratégia eclesiástica nos moldes de sua mãe, a Assembleia de Deus.
Assim, poderíamos dizer que a Mais de Cristo é uma filha emancipada das ADs, pois desde o seu nascimento valorizou a importância da educação teológica (que por muito tempo fora vista com ares de desconfiança e até colocada sub-judice por muitos líderes do movimento pentecostal clássico) fomentando em função desta abstinência erudicional uma dissertação, escrita pelo doutorando Orlando C. Martins com o título: “Relação conflitiva entre o espírito e a letra nas ADs”. Ademais ela também viu por meio de uma pregação horizontalizada a oportunidade de tocar na realidade de seus membros tendo como leitmotiv um discurso contemporâneo que privilegia necessidades hic et nunc (aqui e agora) voltadas para questões existenciais e não só metafísicas.
Além disso, a Mais de Cristo sabe por questões históricas que a “desatualização eclesiológica produz obsolescência eclesiástica.
O que em tese significa dizer que uma denominação ou um movimento religioso que perca o horizonte do diálogo com o seu tempo, está fadada ao desaparecimento e com os seus dias contados.
As ciências sociais, por exemplo, mostram que a Igreja Católica em função de sua não atualização, exceto o movimento carismático, é a instituição que mais perde fiéis para os PENTECOSTALISMOS que não só falam a língua do povo como tocam por meio de uma homilia dinâmica e às vezes emotiva o chão onde estás se percebem situadas.
O que em tese não significa dizer que todos os pentecostalismos sejam iguais, pelo contrário, eles são diversificados e apresentam na sua estruturas características peculiares que os diferenciam, ora pela ênfase teológica empreendida por um determinado grupo, ora pela metodologia utilizada.
Assim, achamos importante diferenciar alguns conceitos sociológicos de identificação, uma vez que aquilo que alguns chamam de Neopentecostalismo (Mariano) outros chamam de Isopentecostalismo, deuteropentostalimo e etc… obedecendo cada uma destas terminologias e características peculiares.
E a Mais de Cristo?
Como já destacado no inicio não é Neopentecostal (pois se distância das metodologias rito-sincréticos e pragmáticas utilizadas por esses grupos que o sociólogo Paul Preston chamou de terceira onda em interface as duas primeiras), mas também não é pentecostal no sentido clássico uma vez que sua ênfase teológica e metodológica se distancia desta.
Portanto, fica evidente que a Mais de Cristo é pós-clássica não por ser pós-moderna, e sim por se perceber além dos limites das ADs, bem como por dialogar com um público pós-moderno, na tentativa de (re)situá-los, a partir de questões histórico-sociais ao extraordinário, conceito aqui utilizado para enfatizar aquilo que está para além do comum.
Assim, não seria nenhum absurdo compreender o conceito pós-clássico aplicados a Mais de Cristo, como um pentecostalismo protestantizado, quer dizer protestantizado pela assimilação de um discurso racional, sistêmico e ético e pentecostalizado por sua origem e emancipação.
Por pastor Paulo Mazarem
Foto: Gabrielly Lemos (Fotografia Mais de Cristo)
____________________
É proibido copiar os artigos deste site. A publicação dos artigos aqui postados em outros sites, blogs, impressos, trabalhos acadêmicos, ou trabalhos científicos deve seguir a regra da ABNT. Copiar deliberadamente na íntegra qualquer conteúdo deste site implica em crime, previsto no Código Penal. Lei do direito autoral. Todos os direitos reservados a Mais de Cristo de Florianópolis, SC, Brasil.
