Ribeiro negou ter participado do processo de compra dos respiradores. Ele citou a estruturação dos hospitais e definição de quantitativos de equipamentos e materiais como competências do adjunto nas ações de combate à pandemia.
Mas segundo ele, as aquisições eram responsabilidade da superintendência de gestão administrativa, vinculada ao gabinete do Secretário de Saúde, na época, Helton Zeferino.
Questionado sobre o alerta recebido por e-mail da empresa que representa no Brasil a fabricante dos respiradores de que não havia conhecimento da compra, Ribeiro disse ter encaminhado documento para análise da consultoria jurídica da secretaria. Perguntado se não teria tomado outra providência a esse respeito, então Secretário-adjunto da Saúde voltou a dizer que não era competência da sua área.
Como atual Secretário, disse que a Secretaria da Saúde não conta mais com a entrega dos respiradores e que o Estado vai pedir o ressarcimento integral do valor pago a VeigaMed, empresa que realizou a venda.
Ribeiro falou ainda que os 50 respiradores apreendidos pela Receita Federal e que foram doados ao Estado estão sendo testados, apesar de serem modelos utilizados no transporte de pacientes, podem substituir outros que serão realocados para leitos de Covid-19.
Para o relator da CPI, Deputado Ivan Naatz (PL), os depoimentos tem mostrado as falhas de todo o processo. "Houve uma desorganização total, absoluta, uma falta de comunicação, uma falta de diálogo, uma falta de comprometimento, uma falta de uma série de coisas. E nos depoimentos que a gente colheu hoje aqui, se pode encontrar os caminhos por que isso aconteceu", disse Naatz.
A CPI também tomou o depoimento na quinta-feira de Onofre Neto, representante da empresa que tem a licença de importação da AeonMed, fabricante chinesa dos ventiladores pulmonares adquiridos pelo Estado. Ele afirmou que a Secretaria da Saúde poderia ter negociado diretamente com a indústria, por valor em torno de R$ 15 mi. Ele confirmou ter encaminhado e-mail ao Secretario Adjunto André Motta Ribeiro, alertando sobre possível fraude na compra da VeigaMed, já que a empresa não havia solicitado autorização para importação do produto.
Na próxima terça-feira (9), a CPI dos Respiradores coloca frente a frente o ex-Secretário da Casa Civil, Douglas Borba, o ex-Secretário da Saúde, Elton Zeferino, e a servidora da Secretaria, Márcia Pauli. É a chamada acareação, como explica o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Deputado Sargento Lima (PSL). "Todas as pessoas que estão vindo aqui dar os seus respectivos depoimentos, vem muito bem preparados, por aquilo que elas falam e pela própria atitude delas, quer dizer, que já tiveram contato inclusive com depoimento de outros participantes em seções anteriores. A acareação serve para isso, uma vez que todos se encastelam com informações que todos têm acesso. Justamente para poder dissipar esse tipo de instrumento jurídico que é utilizado ali, contra a contrariedade entre os depoimentos", salientou Borba.
Por Jornalista Márcio Batista
Fonte: Rádio ALESC (Nara Cordeiro)
Foto: Agência ALESC (Rodolfo Espínola) / Divulgação
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