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Por que tantos precisam de bicos?


Maioria das famílias em 10 capitais faz bicos para sobreviver, especialmente as mais vulneráveis


Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com a Ipsos-Ipec e a Fundação Volkswagen, revela um retrato preocupante da realidade econômica de grande parte da população brasileira. 

O estudo, conduzido entre 1º e 20 de julho de 2025, aponta que 56% dos moradores de 10 capitais brasileiras precisam realizar trabalhos extras, os chamados "bicos", para complementar sua renda mensal. 

O levantamento foi feito com pessoas de 16 anos ou mais, residentes há pelo menos dois anos nas capitais pesquisadas, e abrange todas as classes sociais — de A a E —, com margem de erro de 2 pontos percentuais.


O dado mais expressivo mostra que a necessidade de renda adicional é ainda mais acentuada entre grupos socialmente vulneráveis. Famílias com renda de até dois salários mínimos, pessoas pretas e pardas e aquelas que convivem com indivíduos com deficiência apresentam índices superiores a 60% de necessidade de trabalho extra. Isso evidencia como desigualdades estruturais, raciais e econômicas se aprofundam na esfera do trabalho e da renda.


Geograficamente, as disparidades também são evidentes. Belém, Manaus e Fortaleza lideram o ranking, com cerca de 70% da população dependendo de atividades complementares. 

Já Porto Alegre se destaca como a capital com menor necessidade desse tipo de trabalho: 47% dos entrevistados afirmaram precisar de bicos, o único percentual abaixo da metade.


Quanto às atividades mais comuns, destacam-se serviços gerais como faxina, reformas e manutenção residencial, além da produção caseira de alimentos, revenda de roupas usadas e cosméticos, e o trabalho como motorista ou entregador por aplicativo. 

Essas ocupações refletem a precarização do mercado de trabalho e a busca por fontes de renda flexíveis, muitas vezes sem garantias trabalhistas.


O estudo reforça a urgência de políticas públicas que promovam geração de empregos dignos, fortaleçam a economia solidária e ampliem o acesso a oportunidades de renda, especialmente para grupos em situação de vulnerabilidade. 

Além disso, evidencia a necessidade de olhar com mais atenção para as desigualdades regionais e sociais que moldam a sobrevivência cotidiana de milhões de brasileiros.



Por jornalista Márcio Batista
Foto: (sumanamul15/Pixabay) Reprodução / Divulgação


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