Cantor, compositor e líder da Banda e Voz falece aos 62 anos, deixando um legado marcante na música gospel brasileira como artista, produtor e defensor da excelência musical no meio cristão
Natan Brito – Uma Vida em Harmonia com a Fé e a Música
(Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 1963 – Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2025)
Hoje, o Brasil perde uma das vozes mais marcantes e influentes da música cristã contemporânea. Natan Brito, carismático cantor, compositor, produtor musical e arranjador, faleceu aos 62 anos no Rio de Janeiro, cercado pelo amor da família e do legado que construiu ao longo de mais de seis décadas dedicadas à música, à fé e à arte.
Nascido no coração da cidade maravilhosa, Natan descobriu cedo sua paixão pela música. Influenciado pelo soul, funk e pela rica tradição da black music americana, desenvolveu um timbre vocal poderoso e emotivo, frequentemente comparado ao do lendário Tim Maia — uma homenagem que o orgulhava profundamente. Sua voz, ao mesmo tempo suave e intensa, tornou-se uma assinatura sonora inconfundível no cenário musical brasileiro.
Em 1985, Natan assumiu o posto de vocalista da Banda e Voz, grupo pioneiro na fusão entre a música gospel e ritmos urbanos. Com o lançamento do álbum Opções, o grupo chamou a atenção do público evangélico e, logo em seguida, conquistou o país com o disco Falando de Vida (1988), especialmente pela faixa-título, gravada em parceria com Carlinhos Felix. O álbum marcou um antes e um depois na música cristã brasileira, mostrando que a fé podia ser expressa com sofisticação musical e identidade própria.
Como principal voz da Banda e Voz, Natan não se limitou ao palco. Ao longo dos anos 1990, consolidou-se como um dos produtores e arranjadores mais requisitados da cena gospel. Sua sensibilidade musical e seu domínio técnico o levaram a colaborar com grandes nomes como Cristina Mel, Marina de Oliveira, Carlinhos Felix e Kades Singers, contribuindo para álbuns que se tornaram clássicos do gênero. Seu trabalho em discos como Tá Decidido, Pra Sempre e a trilogia Momentos de Marina de Oliveira é lembrado até hoje como referência de excelência artística.
Paralelamente à trajetória com a Banda e Voz, Natan lançou três álbuns solo pela gravadora Bompastor: Busca (1991), Com Alegria (1994) e Fruto do Amor (1997). Nestes trabalhos, mostrou-se um compositor sensível, capaz de unir profundidade espiritual e linguagem acessível, tocando corações com canções de adoração, esperança e gratidão.
Sua vida pessoal era profundamente ligada à sua jornada artística. Casado por décadas com Joyce Brito — tecladista, vocalista e alma gêmea —, formaram uma dupla de amor e ministério. Juntos, lideraram a Banda e Voz com dedicação, criando um ambiente de família, tanto no palco quanto nos bastidores. A perda de Joyce, em 2015, vítima de câncer, foi um golpe profundo para Natan. Em entrevistas posteriores, confessou que foi através da música e da fé que encontrou forças para seguir em frente. “Ela continua viva em cada nota que canto”, dizia com os olhos marejados.
Ao longo de sua carreira, Natan sempre foi um defensor da qualidade musical dentro do meio cristão. Acreditava que a adoração merecia o melhor da arte, e por isso investiu em arranjos sofisticados, gravações cuidadosas e performances impecáveis. Em 2008, a Banda e Voz lançou o álbum Nossa História, um tributo aos mais de 20 anos de trajetória, que rendeu um disco de ouro simbólico por mais de 50 mil cópias vendidas — um marco na história da música gospel nacional.
Mesmo nos últimos anos, com a saúde fragilizada, Natan manteve-se ativo, participando de eventos especiais, mentorando jovens músicos e compartilhando testemunhos sobre a fidelidade de Deus. Sua presença era fonte de inspiração para gerações de artistas que o viam como um verdadeiro mestre.
Natan Brito deixa um legado inapagável: mais de 30 álbuns gravados, centenas de canções que marcaram eras, e uma vida inteira dedicada a glorificar a Deus através da música. Mas, acima de tudo, deixa o exemplo de um homem fiel — ao chamado, ao amor, à família e à arte.
Hoje, o silêncio que sua partida deixou será preenchido pela eternidade de melodias que sua alma cantará diante do Senhor. Descanse em paz, mestre. Sua voz ecoará para sempre.
Por jornalista Márcio Batista
Foto: (Arquivo histórico/Bompastor) Reprodução / Divulgação
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